sexta-feira, 20 de julho de 2007

O MOVIMENTO VAMPIRO

Todo ano surge alguém em algum lugar acusado de atacar pessoas para sugar-lhes o sangue. Segundo alergistas americanos da universidade de Idaho, a ânsia por sangue é causada por dependência alérgica de alimentos ricos em proteínas. Na psicologia diz-se que sofrem de hematomânia, um fetiche de sangue onde o prazer sexual entre outras necessidades psicológicas dos indivíduos são atendidos por um consumo regular de sangue humano (por vezes também consome-se carne humana). Muitas pessoas que chupam o sangue das outras dizendo-se vampiros acabam em hospícios onde são tratadas com entortas - injeções de tranqüilizantes que as deixam literalmente tortas enquanto dura o efeito. Outras vão para a cadeia. Não se sabe quantas nunca foram capturadas ou quantas ainda continuam mandando pessoas para a lista dos desaparecidos.

De qualquer forma, é provável que a maioria das pessoas que bebem sangue o obtém por meios legais, geralmente de um ou mais doadores que sejam propensos a tal. Em 1996, por exemplo, Catharyne Press, uma americana de 28 anos, disse numa entrevista à imprensa que existem 8 mil vampiros nos Estados Unidos e confessou: "Eu sou um vampiro". Ela garante que tem muitos amigos e que todos conhecem seu vício. Toma uma dose diária de sangue mas também garante que nunca matou ninguém para não "secar a fonte". Quando acha que não bebeu o suficiente complementa com sangue de vaca.. Entretanto, alguns deles apelam para o crime e poucos já entraram na lista dos assassinos seriais mais destacados do Ocidente.

Tudo por um mórbido prazer... Em Bottanaucco, Itália, no ano de 1872, Vincenzo Verzeni confessou, em julgamento, que beber o sangue humano lhe dava imensa satisfação. Terminou sendo condenado por 4 casos de tentativas e 2 de assassinato. Outro crime foi cometido por Estelita Forencio, nativa de Pacce, província de Iloilo, nas Filipinas. Ela foi detida por tentativa de assassinato em 1952 e explicou que havia adquirido a mesma ânsia de seu marido da qual sofria 'ataques' regularmente. Por isso havia mordido e chupado o sangue de diversas pessoas. Exintem também, e em grande número, aqueles que preferem 'resistir à tentação, como o vampiro moderno inglês Carl Jonhson, que vivia perto do cemitério de Exéter. Em 1974, ele fez a seguinte confissão num depoimento à imprensa: "Eu estava deitado no sofá outra noite, lendo um livro, e de repente veio aquela ânsia terrível de sangue. Eu sentia que tinha que sair e achar alguém para morder, mas consegui me controlar". Outro depoimento desta natureza foi dado em 1974 por uma americana que se identificou apenas como Lilith (provavelmente um pseudônimo adotado em homenagem à personagem vampírica do Talmude). Ela contou que na adolescência, costumava vagar pelas ruas de sua cidade sedenta de sangue, nas noites de lua cheia. Quando adulta a 'sede' acalmou. Apesar disso, ela afirmou temer que, numa noite de lua cheia, o vício voltasse e ela viesse a acordar 'seca' novamente, em sua cama, ao lado do marido. Não sabe o que aconteceria.

Há também aqueles que apelam para o sangue de animais. Mesmo assim muitos dos 'passivos' só não matam por não se encontrarem em condições favoráveis para tal. Na verdade, a grande maioria deles tem na consciência uma mesma frase: "Nós não somos inocentes". Um caso antigo teve lugar em Montluel, na França, quando Martin Dumollard assassinou várias meninas, bebendo-lhes o sangue. Foi julgado em 1861 e executado com pena de morte. Em 1897 Joseph Vacher, nativo de Bourg, França, deixou as tradicionais mordidas no pescoço de, no mínimo, doze pessoas enquanto caminhava à pé pelo país. Depois de muita procura conseguiram captura-lo para julgamento. Foi condenado e executado por ter matado e sorvido o sangue de seres humanos. Existem casos mais recentes, como o de Salvatore Agron que, na época, tinha 16 anos. Ele foi executado em 1959 por ter matado diversas pessoas durante à noite, vestido de 'vampiro' no estilo clássico do cinema. Durante seu depoimento, no tribunal, Salvaore alegou ser vampiro.

Outro caso de vampirismo cássico teve lugar em Manteros, Argentina: 15 mulheres acusaram Florencio Roque Fernandez de ter invadido seus quartos, morder-las e beber-lhes o sangue. Foi detido em 1960. Também Stanislav Modzieliewski, morador de Lodz, Polônia, foi julgado e condenado em 1969 por seis tentativas e sete assassinatos, terminando por confessar que achava o sangue delicioso. Uma mulher, que estava entre as testemunhas de acusação, alegou ter sido atacada mas conseguiu sobreviver por ter se fingido de morta enquanto Modzieliewski lhe bebia o sangue. Facas ou outros instrumentos cortantes contumam ser utilizados por aqueles que "não tem dentes apropriados..." Foi o recurso utilizado pela homossexual Tracy Wigginton, de Brisbane, Austrália, que esfaqueou e bebeu o sangue de Clyde Blaylock. Ela alegou ser vampira e disse que regularmente bebia sangue de suas amigas. Foi julgada e condenada em 1991. Também Richard Cottingaham esfaqueou e bebeu o sangue de uma jovem prostituta. Foi detido em 1979 e, mais tarde, descobriu-se que ele já havia assassinado várias mulheres que, na maior parte dos casos, mordera e lambera o sangue proveniente dos ferimentos.

Outro caso ocorreu em Munique, na Alemanha onde descobriu-se que Alfred Käser, julgado em 1963, esfaqueou e, depois, bebeu o sangue pelo pescoço de um menino de 10 anos. E ainda em 1992 houve o julgamento de Deborah Joan Finch que depois de dar 27 facadas num vizinho, bebeu o sangue que escoava das feridas. Mas, como já pudemos observar, nem todos os todos os vampiros são capturados. Existem também aqueles que escaparam mas que deixaram algum vestígio de sua 'passagem'. Eis alguns casos: Em Czinkota, Hungria, provavelmente no ano de 1916, os vizinhos de Bela Kiss resolveram fazer uma busca em sua propriedade depois de receberem uma notificação de que este havia morrido na primeira guerra mundial. Encontraram 31 corpos 'estrangulados'. Todos possuíam uma ferida no pescoço e tiveram o sangue drenado. Entretanto duvida-se, pela antiguidade do caso, que as mortes tenham realmente sido inspiradas na lenda do vampiro. No entanto, um caso do qual qual não se pode duvidar desta influência ocorreu numa noite, no bairro de Bonsucesso, no município paulista de Guarulhos, aqui mesmo, no Brasil. João Carlos da costa foi encontrado morto com as tradicionais marcas de mordida no pescoço. Maria Nogueira também fora atacada repentinamente ao caminhar por uma rua escura mas conseguiu se salvar. O atacante desapareceu sem deixar vestígios.

As vezes os relatos misturam a lenda ao real, dotando os vampiros de poderes sobrenaturais mas que deixam vítimas reais. Foi o que aconteceu em fevereiro de 1984, quando 23 mulheres de 18 a 20 anos tiveram seu sangue sugado em Banda Aceh, na Indonésia. Os jornais noticiaram que os vampiros responsáveis haviam se transformado em gatos, especialmente pretos. Como resultado, a população saiu às ruas e realizou uma verdadeira matança de gatos. Mas não surtiu efeito, pois o vampiro continuou atacando. Então, a solução encontrada foi trancar as mulheres em casa até que os ataques parassem de ocorrer. Eles nem sempre agem como os personages de um filme, na verdade muitos preferem mudar constantemente o modo de agir esforçando-se para não apresentar nenhum tipo de padrão. Outros ainda criam métodos próprios para agir.

Houve uma mulher no bairro de Soho, em Londres, Inglaterra, que depois de voltar para casa com um homem, oferecia-lhe bebidas na qual pusera barbitúricos. Depois cortava o pulso e bebia o sangue das vítimas dopadas e inconscientes. Repetiu a operação com, no mínimo, seis homens no verão de 1988. Ela nunca foi detida e permanece, até hoje, desconhecida. Outra que quase escapou ilesa pela engenhosidade de seus crimes foi Tala, uma moradora de Jacarta, capital da Indonésia, com 25 anos em 1993, que foi presa por suspeita de vampirismo e bruxaria. Ao que parece, ela se 'transformava' após o casamento e chegou a enviuvar de cinco maridos. Todos morreram em conseqüência de uma forte 'anemia' que os deixava lívidos. Os próprios pais de Tala testemunharam contra ela alegando que seus genros enfraqueciam a olhos vistos, após uma noite com Tala ficavam sempre exaustos. Um curandeiro local examinou o corpo do quinto marido que, segundo ele, estava totalmente desprovido de sangue venoso. Este curandeiro acabou por concluir que Tala teve seu espírito dominado por Negasjatingarom, 'o mais poderoso dos vampiros', do qual há lendas conhecidas nas proximidades. Outro caso curioso aconteceu no ano de 1947: Elizabeth Short foi assassinada. Seu corpo foi encontrado já morto e desmembrado em Hollywood, Califórnia. De princípio nada indicava que pudesse ter sido fruto de atividade vampírica mas exames posteriores revelaram que o sangue da mulher havia sido drenado. Suspeita-se de vampirismo num caso ocorrido no Brasil: crianças foram seqüestradas na cidade de Cascavel, Paraná, em abril de 1974. Elas tiveram parte do sangue extraído com uma seringa e, depois, foram abandonadas desmaiadas. Os principais suspeitos eram japoneses que utilizavam uma Kombi para realizar os seqüestros. A polícia negou tudo, mas a história assustou tanto aos moradores que algumas escolas fecharam por alguns dias para evitar expor seus alunos ao perigo. Também um menino foi atacado em Porto Alegre por um homem negro e barbudo no ano de 1978 que, segundo o depoimento da criança, picou suas mãos com uma seringa e recolheu o sangue numa garrafa. Depois deixou sua vítima fugir e nunca mais foi visto.

Estes não são nem o comportamento nem a aparência que vampiros costumam apresentar mas os atacantes podem ter feito isso a mando de alguém, visto que armazenaram o sangue ao invés de bebê-lo. Nos Estados Unidos, em 1987, ocorreu um caso similar quando um freqüentador de um parque de San Francisco, Califórnia, foi seqüestrado durante a prática de cooper e mantido em um furgão por uma hora enquanto um homem lhe bebia o sangue. O Jornal Weekly World Newes publicou a seguinte notícia, sob a manchete "Vampiros seqüestram ambulância cheia de sangue!": "Triste Itália - Ladrões armados seqüestraram uma ambulância carregada de amostras de sangue, perto da fronteira ítalo-iugoslava, roubando centenas de frascos de sangue coletado recentemente. Os policiais estão atribuindo o assalto a vampiros malignos e sedentos!" Sem dúvida, uma operação ousada!

No mês de Julho de 1996 os vampiros viraram manchete de jornal por causa do desaparecimento de Susan Walsh, uma 'go go girl' que decidira tornar-se repórter investigativa. Seu primeiro assunto seria o movimento vampiro. Amiga de Susam disse que antes de desaparecer "Ela estava fascinada pela cultura dos vampiros". Dois meses se passaram e a polícia ainda não tinha suspeitos mas os jornais sensacionalistas apontaram os vampiros, publicando manchetes como: 'Cops wonder: was missing "red light" striper ... murdered by vampires ?'. O namorado vampiro de Susan, Cristian, disse em entrevista para a tv que "é ridículo pensar que algum deles poderia ter feito mal a ela", e completa: "Eu mesmo não posso nem ver sangue, sou vegetariano".

As vezes, os vampiros podem se revoltar contra seus próprios pares como aconteceu em 1988 quando Don Gall resolveu acampar com 4 rapazes em St Cloud, Minnesota. Aparentemente, ele fora muito autoritário com os demais, que se revoltaram e, no mínimo, dois deles não resistiram à tentação de provar sangue humano. O corpo de Gall foi encontrado boiando no rio Mississipi dias depois e os rapazes foram presos, terminando por confessar que eram fascinados pelo estilo de vida dos vampiros. Em 1987, no interior dos EUA, gangues adolescentes inspiradas pelo filme Garotos perdidos (Lost Boys), sangraram pessoas para extrair alguns 'drinques' vampíricos. Esta não teria sido nem a primeira nem a única vez que rippies envolveram-se no vampirismo. Segundo denúncia dos moradores da cidade de Honda, hippies teriam raptado e sugado o sangue de crianças no ano de 1972. Os adeptos do 'Blood Power' teriam vitimado cinco crianças e, uma outra, disse ter sido seqüestrada no distrito vizinho de espinal, mas escapara ilesa.

Não são apenas os vampiros que preocupam nesse sentido. Acontece que onde supõem-se haver vampiros podem surgir 'caçadores'. Pode ser o caso de uma pessoa agir solitária como tal, ou mesmo que toda uma população decrete linchamento para o suposto vampiro como no caso ocorrido no mês de maio de 1973, quando alguns mendigos foram encontrados mortos misteriosamente em Calcutá, uma das mais importantes cidades da Índia. Os cadáveres apresentavam marcas de mordida no pescoço produzidas, aparentemente, por aparelhagem mecânica mas a polícia não esclareceu que tipo de equipamento teria sido empregado. Logo que a notícia se espalhou, a população entrou em pânico e foi às ruas armada com tacapes e estacas de madeira. A multidão enfurecida linchou cinco maltrapilhos com aparência suspeita e outros vinte saíram feridos. Se haviam vampiros no local devem ter fugido definitivamente para bem longe do pais. O jornal "Mirror", de Londres, Informou em 27 de Fevereiro de 1969, que os habitantes do vilarejo de Korogwe, na África Oriental, estavam convencidos de que um vampiro arrebatara vários deles à noite e, por isso, decidiram tentar uma emboscada. Parece que eles acreditavam que o vampiro fosse um europeu pois decidiram matar o primeiro branco que chegasse que, no caso, foi um alemão chamado Klaus Kaufmann que era diretor de uma plantação. O pobre homem foi morto à golpes de lanças e facão. Sete homens acusados de seu assassinato, foram presos e levados a julgamento em Dar-es-Salan, alegando terem matado um vampiro. Entretanto, os habitantes de Korogwe continuaram apavorados acreditando que o verdadeiro vampiro ainda estava à solta pois vários deles continuaram desaparecendo misteriosamente. Henry Rip, de 50 anos, foi indiciado pela justiça de Ohio em 1994 depois de confessar o assassinato de sua própria mãe, com quase 80 anos. Ele sentia-se rejeitado por ela e achava que isto devia-se a ela 'ser' uma mulher-vampiro, motivo pelo qual ele a matara. Apesar de acreditar ser filho de uma mulher-vampiro, ele alegava não ser vampiro e quis alertar o mundo sobre o fato de os vampiros estarem dominando o planeta.

Há algumas décadas vivia em Praga, Checoslováquia, uma mulher chamada Petra. Quando jovem, Petra Vucek era muito bela. Muitos a cortejavam porém, ela conheceu seu grande amor durante uma festa ao ar livre. Decidiu-se de que aquele devia ser seu homem... mas ficou horrorizada quando foi mordida pela primeira vez. Não podia fazer outra coisa se não abandonar o rapaz. E assim o fez. Mas havia um outro problema: Ela estava grávida. Levava no ventre um mal vourdalek ou, utilizando a expressão eslava mais comum, um vampirevich - filho de vampiro. Assim, daquela funesta paixão nasceu um totenkind, um filho da tumba. Karel Vucek cresceu junto de sua mãe, que trabalhava para mante-lo. Tinha a aparência de uma pessoa normal mas Petra sabia que não era e esperada, com angústia, que ele se manifestasse. Passaram-se anos de agonia antes que o garoto ameaçasse morder. A primeira vítima foi uma menina da mesma idade de Karel. Quando soube do fato, Petra experimentou quase que uma sensação de alívio pois finalmente a espera havia acabado. Não contou nada ao menino e, num domingo de agosto vestiu o filho com a roupinha mais bonita e levou-o para fora da cidade, numa localidade acima do rio Vltava, muito conhecida dos namorados pelos passeios de barco. Lá, Petra alugou um barco e saiu com seu filho mas quando voltou à margem estava só. Não procurou esconder seu crime, foi presa e passou vinte anos na cadeia. No fim da vida era uma velhinha como tantas outras mas lembrava bem a história e não hesitava em contá-la. A única coisa que lhe perturbava era o apelido que lhe deram no bairro onde morava e que os moleques gritavam: mamãe morte.
(
Shirlei Massapust)

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